A Viagem do Elefante, José Saramago
Sou verdadeiramente apaixonada pela literatura de José Saramago e, como não poderia deixar de ser, não pude perder também esta sua bela obra! Mas não só esta razão me moveu a ler A Viagem do Elefante; foi também a frase proeminente da contracapa – “Sempre chegamos ao sítio onde nos esperam.”, que me cativou.
Mas vejamos o conteúdo… Esta é realmente uma narrativa intermitentemente descritiva própria do escritor, com os seus longos períodos e parágrafos e certas particularidades interessantes, nas quais afirma a sua liberdade literária – por exemplo, nesta obra em concreto, Saramago não utiliza maiúsculas para nomes próprios, como Áustria ou Catarina. Contudo, a descrição extensa não é aqui posta ao acaso: é perfeitamente natural, visto tratar-se de um relato do itinerário percorrido, desde Lisboa até Viena, por um elefante indiano, denominado então Salomão, que terá sido oferecido, algures durante o século XVI, pelo nosso rei D. João III ao arquiduque da Áustria Maximiliano II. Ora, Salomão irá confrontar-se com algumas peripécias no seu percurso, com paragens incertas por falta de mantimentos e noites tempestuosas, mas, apesar de tudo, irá, tal como adianta a citação da contracapa, chegar ao seu destino. Identifico este final, bem como toda a compleição da obra, como uma metáfora da própria “caminhada” realizada pelo Homem durante a sua vida na Terra - como vim depois a constatar em comentários vários acerca do livro - e deparo-me, tal como já no início me tinha apercebido, com uma posição determinista e fatalista, relacionada também com a cultura hindu que é também retratada ao longo da história a propósito da personagem do cornaca, o tratador de Salomão.
Em suma, é um livro de que gostei muito e, por isso, recomendo-o vivamente a todos!
Sarah Virgi
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